Dia Nacional de Conscientização sobre a Esclerose Múltipla
Autora: Isabel Olionis Hirsch
Hoje, 30 de agosto, é celebrado o Dia Nacional de Conscientização sobre a Esclerose Múltipla, uma doença que afeta cerca de 40 mil brasileiros. Segundo a Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (ABEM), a doença é mais prevalente entre mulheres jovens, principalmente na faixa etária dos 20 aos 40 anos [1].
A esclerose múltipla (EM) é uma doença neurológica autoimune e crônica, isto é, afeta o sistema nervoso central (SNC), comprometendo tanto o encéfalo quanto a medula espinhal e é caracterizada por uma progressão lenta e de longo prazo, com impactos significativos na qualidade de vida dos pacientes [2].
As células mais conhecidas do SNC são os neurônios, que desempenham um papel crucial na comunicação entre diferentes partes do corpo. Os neurônios possuem uma estrutura chamada axônio que é responsável por conectá-los entre si e transmitir informações por meio de impulsos nervosos. Essa estrutura é envolvida por uma camada isolante chamada mielina, que aumenta a velocidade de propagação dos impulsos nervosos, sendo essencial para o bom funcionamento do cérebro e, consequentemente, do corpo [2][3].
Na esclerose múltipla, o sistema imunológico ataca erroneamente a mielina, causando sua degradação, processo chamado de desmielinização. Isso prejudica a comunicação entre o cérebro e o restante do corpo, levando a uma ampla variedade de sintomas, que podem incluir fadiga intensa, problemas de visão, dificuldades na fala, dificuldade para andar (ataxia), desequilíbrio, dormência ou fraqueza nos membros, problemas de coordenação, tremores, espasticidade, disfunção cognitiva (como dificuldade de concentração e perda de memória), problemas de controle da bexiga e intestino, e transtornos emocionais, como depressão e ansiedade [1].
A causa exata da esclerose múltipla ainda é desconhecida, mas acredita-se que a doença esteja relacionada a uma combinação de fatores ambientais e genéticos que desencadeiam uma resposta imune anormal [4].
A doença pode se manifestar de diferentes formas, dependendo de como ela progride. A forma mais comum é a remitente-recorrente (EMRR), caracterizada por episódios de piora ou surgimento de novos sintomas, seguidos por períodos de remissão, durante os quais os sintomas podem melhorar parcial ou completamente. Outra forma é a primária progressiva (EMPP), caracterizada por um agravamento constante dos sintomas desde o início, sem períodos de remissão. A forma secundária progressiva (EMSP) geralmente começa como EMRR, mas posteriormente evolui para uma progressão contínua semelhante à EMPP [5].
Dessa forma, esse dia ressalta a importância das pesquisas sobre a esclerose múltipla, que são essenciais para aprofundar o conhecimento sobre a doença e ampliar o desenvolvimento de novos tratamentos. Além disso, a conscientização é crucial para ajudar no reconhecimento precoce dos sintomas, permitindo que o tratamento seja iniciado o quanto antes, aumentando a qualidade e o tempo de vida dos pacientes.
Referencias
[1] https://www.abem.org.br/ – Associação Brasileira de Esclerose Múltipla
[2] Cotsapas C, Mitrovic M, Hafler D. Multiple sclerosis. Handb Clin Neurol. 2018;148:723-730. doi: 10.1016/B978-0-444-64076-5.00046-6. PMID: 29478610.
[3] Amin M, Hersh CM. Updates and advances in multiple sclerosis neurotherapeutics. Neurodegener Dis Manag. 2023 Feb;13(1):47-70. doi: 10.2217/nmt-2021-0058. Epub 2022 Oct 31. PMID: 36314777; PMCID: PMC10072078.
[4] Doshi A, Chataway J. Multiple sclerosis, a treatable disease. Clin Med (Lond). 2016 Dec;16(Suppl 6):s53-s59. doi: 10.7861/clinmedicine.16-6-s53. PMID: 27956442; PMCID: PMC6329568.
[5] Kuhlmann T, Moccia M, Coetzee T, Cohen JA, Correale J, Graves J, Marrie RA, Montalban X, Yong VW, Thompson AJ, Reich DS; International Advisory Committee on Clinical Trials in Multiple Sclerosis. Multiple sclerosis progression: time for a new mechanism-driven framework. Lancet Neurol. 2023 Jan;22(1):78-88. doi: 10.1016/S1474-4422(22)00289-7. Epub 2022 Nov 18. PMID: 36410373; PMCID: PMC10463558.
